sexta-feira, 6 de abril de 2007

Noite Atribulada

O dia de ontem foi bastante preenchido e até estava a correr bem até ao início da noite. Quando fui para casa arranjar-me para a festa de aniversário da Patrícia, mal imaginava o que me iria acontecer nas próximas horas! Tinha um compromisso ao final da tarde em Lisboa, atrasei-me e ainda tinha de ir a casa tomar um duche e pôr-me bonita para a festa, sim, porque em princípio íamos ao BBC a seguir ao jantar! Estava com imensa vontade de dançar, estar com muitas pessoas, divertir-me.
Saímos de casa atrasados, mas num instante pusémo-nos na A5 e passados minutos, entrámos na CREL. Depois de passarmos o túnel de Carenque, passados uns metros, só oiço o Faizal dizer "Merda! Acendeu o sinal de avaria no carro!" eu respondo "Hã?? Como é que é possível? Ainda no outro dia o carro esteve na oficina!". Os segundos seguintes foram uma mistura de aflição, preocupação e irritação: " -E agora? Podemos andar com o carro assim ou paramos?" " -Estou a sentir o carro diferente, não acelera! O carro está a perder força, o acelerador não está a responder!" "-Então passa para a faixa da direita e encosta, é melhor!" "-Espera, estou a ver se dá para chegarmos às bombas de gasolina, sei que há uma estação por aqui" "-Mas ao menos encosta à direita!" "Não posso, não vês que esse "gajo" está à mesma velocidade que eu? Não posso ir pra cima dele!" "-Se puseres o pisca, talvez ele perceba que queres mudar de faixa!!" Receava que ficássemos no meio da estrada, o outro carro lá avançou e nesse momento o nosso Astra começou a "morrer" e chegámo-nos para a direita até à berma, até o carro parar completamente. " -Pronto, parou completamente! Tenho de chamar o reboque!" O Faizal já tinha os 4 piscas ligados, lembrei-lhe do colete e do triângulo, e de repente senti um cheiro esquisito: " -Não te cheira a iogurte?" "-Não, cheira mesmo a queimado... Isto deve ser grave."
Chamámos a assistência da Brisa, que chegou num instante para sinalizar melhor o carro, e o reboque, que apareceu passados cerca de 45 minutos. Enquanto isso, apareceu um carro a encostar calmamente à faixa da direita e, apesar da intenção provavelmente ter sido encostar à berma, o sr. deixou metade do carro na faixa de rodagem! O assistente da Brisa foi lá a correr e o homem lá encostou melhor o carro. Estava perdido e como viu o carro da Brisa, parou para pedir indicações! (Qual é o problema, fazemos isso quando estamos à procura de um restaurante dentro das localidades!!)
Tencionávamos ir buscar o outro carro a casa e ir ter ao jantar. O Faizal continuava muito preocupado e a ler os manuais da Opel para tentar perceber o sucedido. Ao que parece o carro tinha perdido a água toda de repente, ele estava com medo que fosse um problema de motor. Tentei consolá-lo, não podíamos fazer nada, só na segunda feira o carro podia ir para a oficina. Mais uma despesa!
O carro do reboque finalmente apareceu, com o seu condutor que mais parecia um motard, com um blusão preto e vermelho a condizer com a figura, cabelo despenteado e com a barba por fazer, descontraído, com um auricular bluetooth pendurado na orelha direita. "-Então o que é que se passou com a máquina?". Ele sugeriu levar o carro à oficina no início da semana e arranjar-nos transporte da garagem dele até casa, num táxi. Concordámos, fomos com o sr. motard no reboque e para minha surpresa ele trazia a mulher, que teve de ir no nosso carro, lá atrás! "-Mas isto não faz sentido, então a sra. vai lá atrás no nosso carro e nós vamos aqui?" "-Deixa estar, não podemos ir lá atrás, é proibido, o homem é que não devia ter trazido a mulher!" Olhei para trás e as luzes fortes da carrinha rebocadora iluminavam intermitentemente a cara séria, alongada e pálida da mulher, que tinha um olhar fixo e inexpressivo, o cabelo também despenteado e volumoso. Senti-me num filme de terror daqueles de má qualidade, que não provocam medo mas desconforto e com alguma comédia à mistura! A noite ia passando, finalmente chegámos à garagem do reboque em Queluz, onde tratámos da papelada, tirámos as coisas importantes do carro e conhecemos a Becas, a cadela Husky com um ar infeliz reflectido nos seus olhos azuis, presa por uma corrente a um canto, completamente cinzenta, até no seu focinho branco.
Sentámo-nos numa salinha à espera do táxi, enquanto a mulher do motard, que inicialmente parecia muda, começou repentinamente a comentar o programa "Bela o Mestre", que mostrava uma das raparigas concorrentes a dizer que pensava que serviço se escrevia com "c" (cerviço, claro que sim!!!).
O ambiente era estranhíssimo, na companhia daquele casal caricato. O motard simpático mas com um ar sádico, a mulher inexpressiva, de sabrinas brancas com lacinho e meias azuis a condizer com o "kispo" fechado até acima, interactiva apenas com a tv; a cadela linda mas com ar de não ser muito bem tratada, obediente, triste e submissa; nós os dois sentados muito sossegados, vestidos todos "pipis" para sair... O filme de terror surreal continuava, portanto... Já não íamos ao jantar de aniversário, apesar da vontade. Mas não me apetecia ir para casa pensar no que tinha acontecido... não podíamos fazer nada, por isso ainda queria ir espairecer. Afinal, já me tinha "produzido" para a night, não para ficar em casa ou numa garagem a ver a "Bela e o Mestre"! O táxi apareceu, já não era sem tempo... O motorista era um sr. simpático de cabelos brancos, que sabia onde ficava o Arneiro, porque vivia lá um cunhado doente.

A noite chegava ao fim, com um Happy Meal no MacDonalds a substituir o convívio no rodízio de carnes. A vontade de ir a um barzinho simpático ainda persistia mas já era tarde para ir ter com eles. O sono começava a aparecer... Fomos para casa e a pequena viagem de 5 minutos foi o suficiente para me embalar. Que noite!

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