quarta-feira, 14 de novembro de 2007

"Complicadices"



Complicar as situações de vida é uma actividade inata ao ser humano... ou não. "Complicamos" mais do que as outras espécies porque pensamos, associamos, comparamos, julgamos e decidimos. Não conseguimos (nem queremos) simplificar ao máximo o que nos chega do exterior.


Mas complicar, no verdadeiro sentido da palavra (e qual é, o verdadeiro?) é algo ainda mais complexo, que ultrapassa as características inatas, é algo que aprendemos de pequeninos, que se vai ganhando com a idade e as experiências de vida (perdemos alguma espontaneidade e simplicidade, portanto!). Complicamos porque não nos contentamos com o mais simples, porque queremos ter um espírito crítico, porque precisamos de interpretar todas as palavras, gestos e atitudes, porque precisamos de complexificar. Tudo isto é necessário, mas em exagero é complicar... quando às vezes não é preciso.
Os homens queixam-se que as mulheres são muito "complicadas". E não é que se calhar até têm uma certa razão? Não há problema nenhum, nós adoramos dificultar-lhes a vida (complicar!) para perceber se estão à altura dos seres privilegiados em inteligência que são as mulheres (ehehehe!).
Temos de admitir, as mulheres MUITAS vezes são mais complicadas. Complicam na relação de amizade, porque a "amiga do coração" teve uma atitude a que não acharam graça nenhuma, foi inconveniente (Qu'horror!) e não teve consideração. Criam conflitos onde eles não cabem e geram-se intrigas num piscar de olhos (plink)!

Pior do que isso, é a inveja, aquele sentimento complicado mas simultaneamente primário, mesmo entre amigas: aquela inveja que não é admitida nem sozinha na WC vazia e transforma-se em crítica: porque a "gaja" é magra demais (querias, não querias?), porque a outra é uma mamalhuda e fica péssima de decotes (sensual, queres dizer) ou porque a fulana tal é uma irresponsável, gasta imenso dinheiro em roupa (onde será que comprou?), ou porque arranjou um emprego instável (farta-se de viajar e ganha bem).

Nas relações afectivas, tantas vezes complicam, não acreditando no que lhes dizem e mostram. Quando eles mostram que querem só umas boas quecas, elas, ingénuas, fantasiam, pensando, "mas ele chamou-me queridinha, quer dizer que sente mais alguma coisa por mim... (Dahh)" e deixam-se levar pelo encanto construído nas próprias cabecinhas. Quando eles estão perdidamente apaixonados e são claros nas palavras, elas não acreditam, relativizam - "ele diz isso a todas" e tornam-se inseguras, duvidam, dizem que NÃO quando querem dizer SIM, interpretam o "Tens um sorriso lindo" como simpatia e amabilidade, mesmo quando o olhar embevecido não mente.

Os homens, sim senhor, são mais práticos, directos e pragmáticos. Não criticam mesquinhices nem entram em intrigas (alguns!), quando se chateiam com os amigos no futebol ou nos copos dizem umas car*lh*das e no dia seguinte está tudo numa boa, e a curiosidade da vida alheia não os consegue satisfazer como a vitória do clube preferido ou um jogo de Playstation.

Simplificam, abreviam e por vezes fogem a sete pés de casos ditos "complicados". O que nem sempre ajuda, em situações que tinham de ser aprofundadas, faladas, discutidas, pensadas e resolvidas. Deixam relações em stand by porque não lhes apetece resolver e conversas por falar porque não vale a pena complicar. Deixam escapar umas palavras doces num momento e afastam-se com frieza a seguir porque se querem defender da potencial "complicação".
Não sei o que será melhor, complicar ou simplificar demais. A vida não teria piada se homens e mulheres fossem dois géneros simples em tudo ou sempre na mesma sintonia. Não existiria desafio para os homens se não tivessem que decifrar a complicação (saudável) das mulheres.
Complicado para nós, mulheres, é percebermos a "descomplicação" dos homens e a sua mascarada frieza.

Como é, querem complicar ou descomplicar?


PS1-Sim, é claro que estereotipei abusivamente, mas apeteceu-me pensar para os extremos. Há mulheres pragmáticas e homens supeeer complicados e emotivos. (Ah, pois há!)
PS2- Hoje apeteceu-me escrever, escrever, escrever, depois da apresentação que correu bem, e já tá! Escreviiii...
PS3- Se chegou ao fim do post, parabéns! Ganhou o prémio de "Paciência inacreditável para ler posts super hiper longos e complicados"

8 comentários:

Célia disse...

Já leste o livro "Porque é que os homens nunca ouvem nada e as mulheres não sabem ler os mapas de estradas"? Explica, num tom muito engraçado, muitas das diferenças existentes entre o homem e a mulher, suportando-se em bases científicas. Sim, somos diferentes a nível genético e isso reflecte-se nos nossos comportamentos. Curiosamente, depois de ler esse livro, fiquei um pouco mais tolerante em certos aspectos da do meu namorado :))

Jasmim disse...

Ainda não li, mas parece interessante, pela tua descrição! Se não fôssemos diferentes, não tinha tanta piada... :)

NI disse...

O que nos distingue dos animais denominados "irracionais", é a nossa capacidade de pensar, relativizando as situações que nos são apresentadas, sem esquecer os afectos.

Assim sendo, o que seria do ser humano se não tivéssemos o privilégio de sermos diferentes? A nossa principal "riqueza" deriva, precisamente, de cada ser humano ser um ser, perfeitamente individualizado, com as suas virtudes e os seus defeitos, com os seus pensamentos, com os seus afectos.

Sabes muito bem que no blog do Pensador brincámos com essas diferenças mas são estas mesmas diferenças (que devem ser vistas pelo lado positivo) que nos permite manter esta "guerra saudável".

Mas, obviamente concordo contigo, de uma maneira geral o sexo feminino, de uma maneira geral, tende a complicar, muitas vezes, aquilo que muitas vezes é simples. Mas, não é menos verdade, que a emoção (da qual faz parte a intuição) é uma das melhores características do ser humano e que assume particular importância no sexo feminino. Também assume, como é óbvio, grande importância no sexo masculino só que, desde pequenos, os homens aprendem que as emoções são para se controlar. E esta premissa é aplicada em todas as situações com que se deparam.

O segredo estará na forma como conseguimos relativizar as situações de forma a gerir melhor as emoções. O que é importante para uma mulher de 25 anos, deixa de o ser a partir dos 35/40 anos. Faz parte da evolução enquanto ser humano.

Sob pena de escrever um comentário mais longo do que o teu post apenas acrescentaria o seguinte: mais importante que complicar (ou "descomplicar")é aprender a relativizar.

Hydrargirum disse...

Impressionante não é?....A inteligência volta-se contra nós!!!!

Eu adorei este teu texto...acho que é um retrao fidedigno dos Sexos hoje em dia!!!...Há claro, uns overlaps aqui e ali...eu por exemplo...tendo a complicar mta coisa (Estou no PS1)...coisas que daria tudo para não complicar...tb analiso coisas que às vezes não prrecisariam de ser tão desconstruídas...enfim...!

Esta tua dissertação...fez-me lembrar o "sexo e a cidade"...e as colunas da Carrie...

Para responder à questão...eu queria descomplicar...mas não cou capaz...!:(...e assumo com tristeza...!

PS1- apresentação?
PS2-Ganhei um prémio...cheguei ao fim...e matutei...
PS3-ainda não tenho!É caríssima!

Jasmim disse...

Ni, concordo plenamente, relativizar é importantíssimo! Ah, e adoro a forma como vocês expõem de forma divertida a "guerra saudável" entre os sexos, lá no vosso canto!

Hydra, obrigada! Ontem fiz uma apresentação numa conferência no IST, correu bem! Mando o teu prémio por correio... mas não é a PS3, é mesmo mto cara! ;)

Tulaunia disse...

:D Mas que post complicado!

Pedro M. disse...

Eu preferia descomplicar(-me).

E o prémio, é em dinheiro?

Amor amor disse...

De relações em stand-by, entendo eu. Fui colocada em stand-by, pro craa finalmente, apertar o botão OFF, e desligar tudo, justamente para não enfrentar as complicações. Bem, pelo menos ele admitiu que é complicado...

Amei o post!!!
Beijocas!!!