Desilusões
Essa parva, a quem chamamos Desilusão, é filha de uma Expectativa vadia que deambula no sótão dos pensamentos e ocasionalmente espreita pelas janelas das Vontades. Mas somos nós que lhe damos abrigo, à vadia. Permitimos que ela cresça desmesuradamente, que componha o sótão como bem quer, mas sempre de acordo com a decoração do que já existe nesse espaço.
Tudo isto porque criamos situações e personagens fictícias, que são tão desejadas como os contos de fadas, porque pensamos que aquela pessoa como amiga nunca teria uma atitude semelhante, porque às vezes preferimos acreditar na fantasia e no que queremos idealmente para nós, porque acreditamos merecer mais e não o que nos dão. Porque vemos aquela pessoa como nós queremos que ela seja e não como realmente é.
Se não esperarmos demais, não nos desiludimos... E se esperarmos o aceitável? Pois, são conceitos relativos, não são? Às vezes sentimos que esperamos apenas o "normal" e lá vem a Desilusão a caminho....
Mas se nos centrarmos mais nas outras coisas, nos outros e no que pensam, no que dão e parecem ser... temos mais probabilidade de nos desiludirmos do que se nos centrarmos em nós, no que queremos, somos e pretendemos dar. Assim a expectativa em relação aos outros e outras coisas não cresce, não importa tanto, não provoca tantas nódoas negras.
Criarmos expectativas faz parte de nós, como figurinhas andantes, falantes e "relacionantes" neste planeta. As desilusões fazem-nos crescer uns bons centímetros por dentro, e às vezes precisamos de várias para que o crescimento seja notório. E, chegados a um certo ponto, tornam-se desnecessárias e sem propósito... essas são as que temos de evitar.
3 comentários:
Adorei esta tua descrição... Está mesmo muito fidedigna...Como te entendo, Jasmim! A ilusão acompanha-nos sempre que gostamos e nos envolvemos com alguém (seja mais a fundo ou não). Temos, de facto, o dom de nos desiludirmos, porque queremos receber, na mesma proporção, "aquilo" que damos. Depois, se tal não se passa, achamos injusto... :)Gostei mesmo muito do teu texto!:) bjs*
Jasmim, parabéns por este post.
Sabes, quando era mais nova costmava dzer que preferia ser pessimista porque era a melhor forma de não ter desilusões. Porquê? Porque como nunca esperava o melhor quando ele chegava o prazer era maior. Se ocorresse o pior, bom, como já estava a contar com ele a desilusão era quase nula.
Quem me conhecia dizia que com o passar dos anos acabaria por muder de postura.
A verdade, passados que estão alguns anos da minha existência, é que mantenho a mesma postura apenas, talvez, com um pouso mais de sabedoria....
Beijos
É pá, ó Jasmim...andamos inspiradas, não?!
Um bocado duro mas grande post!
BEIJÃO
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